Etarismo: o que é e como afeta a vida acadêmica e profissional

O etarismo é um problema social, que precisa ser combatido por todos, especialmente no mercado de trabalho e no ambiente acadêmico.
A discriminação por conta da idade traz entraves em todos os aspectos da vida pessoal, acadêmica e profissional de um indivíduo, prejudicando o seu bem-estar.
Segundo a Global Campaign to Combat Ageism (Campanha Global para o Combate ao Etarismo), promovida pelos 194 Estados Membros da OMS e do programa Década do Envelhecimento Saudável 2021-2030, 50% das pessoas do mundo inteiro tem preconceito com a idade avançada.
Entenda os principais problemas do etarismo, principalmente em torno da carreira das pessoas, e saiba como combatê-lo. Acompanhe!
O que é etarismo?
Etarismo, chamado também de ageísmo e idadismo, é o nome dado aos atos de preconceito, estereótipo e discriminação voltados à idade.
Esse é um problema que promove a falta de inclusão de um determinado público por conta de ideias pré-concebidas, geradas, principalmente, em relação à:
- capacidade de autonomia;
- discernimento;
- raciocínio lógico;
- habilidades motoras;
- tomada de decisão;
- atuação profissional.
O Relatório Mundial sobre o Idadismo, publicação da Organização Mundial da Saúde, também revela como o etarismo vai além de problemas de estereótipos e discriminação.
Portanto, é uma questão que compromete os direitos humanos das pessoas e, especialmente, as oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional dos indivíduos conforme a idade avança.
É interessante destacar também que o etarismo atinge, inclusive, a questão de gênero. Estudos ao redor de todo o mundo apontam como as mulheres, ao envelhecerem, têm maior dificuldade para encontrar oportunidades de emprego equiparadas à experiência profissional e à formação que apresentam.
Como o etarismo está presente no mercado e no ambiente acadêmico?
Como visto, esse é um problema bastante observado em torno da carreira das pessoas mais velhas. Isso pode ser visto tanto no comportamento de diversas pessoas no ambiente acadêmico quanto no mercado de trabalho.
A seguir, confira algumas características do etarismo que afetam o desenvolvimento profissional dos indivíduos.
Menos contratação de pessoas mais velhas
Uma das queixas relatadas por pessoas mais velhas é a dificuldade de passar para as próximas etapas dos processos seletivos.
Não é à toa que os idosos fazem parte da parcela de profissionais com maior dificuldade de encontrar emprego. Indivíduos com mais de 50 anos são os que mais enfrentam desafios para conquistarem uma oportunidade.
Uma pesquisa realizada pela Great Place to Work (GPTW) no Brasil, feita em 2018, revelou que um número muito pequeno de idosos, equivalente a 3% dos profissionais, estava contratado nas 150 melhores organizações, segundo as avaliações.
É interessante observar que muitos dos anúncios das vagas de emprego, no entanto, não indicam a idade desejada. Desse modo, a rejeição de pessoas maduras em diversas organizações no mercado de trabalho é implícita e ocultada.
Corte de funcionários
Outra problemática frequente no mercado de trabalho é o desligamento de profissionais com mais de 40 anos. Assim, a renovação da equipe de colaboradores faz com que pessoas mais maduras sejam preteridas, estimulando o etarismo.
Um estudo realizado pela Deloitte, com mais de 200 empresas no Brasil, revela que apenas 37% delas têm afinidade por profissionais acima de 50 anos. Desse total de organizações, apenas 20% observam o aumento do movimento contra o etarismo e menos de 35% têm pretensão de aderi-lo.
Falta de promoções de cargos para esse grupo
Até mesmo quando os profissionais com mais de 40 ou 50 anos estão inseridos no ambiente de trabalho existem desafios. As chances de conquistar uma promoção também são menores para o público nessa faixa etária.
Dessa forma, existe também uma pressão por conquistar os cargos dos sonhos antes dos 40 anos. Esses problemas, em conjunto, têm prejuízos em potencial para o bem-estar de diversos colaboradores e podem ser fatores de risco para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout e da Síndrome do Impostor.
Comentários relacionados à idade
É comum ver notícias de alunos que sofrem preconceito por conta de sua idade nas salas de aula. Dessa forma, uma das formas que essa exclusão social se manifesta é por meio de comentários desagradáveis relacionados à faixa etária do público maduro que frequenta as universidades ou até mesmo no ambiente de trabalho.
Esses comentários, além de reforçarem uma ideia equivocada de limites geracionais e de idade, afetam diretamente a autoestima e a autoconfiança das pessoas.
A sensação de não pertencimento e as dificuldades de se sentir confortável nesses ambientes, muitas vezes, levam ao abandono dos cursos, desistência dos processos seletivos e tabus em torno do plano de carreira após uma determinada idade.
Quais as consequências do etarismo para a saúde e bem-estar?
É essencial destacar que o etarismo não traz desafios apenas para a vida acadêmica e profissional dos indivíduos. Afinal, as consequências desse preconceito por idade vão além e atingem também a saúde e o bem-estar.
Ainda sobre o Relatório Mundial sobre o Idadismo, da OMS, 16,8% dos brasileiros com mais de 50 anos relatam já terem passado por uma situação de discriminação relacionada à idade avançada.
Ser vítima desse tipo de problema traz sérios impactos para a saúde mental, principalmente no que diz respeito à pressão, à sensação de pertencimento e à perspectiva de um futuro com qualidade de vida.
A sensação de desamparo social, além de ser um novo desafio para a carreira e diminuição do networking, pode incentivar o isolamento.
Dessa forma, tendo em vista a importância da convivência com outras pessoas para o desenvolvimento pessoal, profissional e do bem-estar, o etarismo consegue acarretar diversos outros problemas.
Todo esse contexto deixa os indivíduos mais velhos mais suscetíveis aos transtornos de saúde mental, como depressão e ansiedade.
Portanto, a diminuição da participação social também pode trazer consequências nos cuidados com a saúde física e redução da qualidade de vida.
Como combater o etarismo?
O combate ao etarismo é também uma iniciativa de inclusão social. Atualmente, a expectativa de vida dos brasileiros é de 77 anos.
Todos esses dados só apontam a necessidade de garantir que pessoas de todas as idades tenham acesso às mais diversas esferas da sociedade, inclusive o mercado de trabalho e o ambiente acadêmico.
A seguir, confira algumas ações fundamentais para fomentar o combate ao etarismo no Brasil!
Conscientização sobre o problema
O primeiro passo, ao perceber a presença de um problema social dessa magnitude, é falar sobre ele. Muitas pessoas, certamente, não têm dimensão das consequências do etarismo e que sequer estimulam a discriminação com pessoas de idade mais avançada.
Assim, é fundamental que diversos espaços sociais dialoguem sobre o tema. Afinal, as instituições de ensino, desde o básico até o superior, têm uma forte responsabilidade na conscientização sobre o problema e o incentivo à educação para todos.
Portanto, é possível abrir espaço para que diversos outros ambientes debatam sobre o assunto.
Políticas de inclusão para novas oportunidades
Levando em consideração que o etarismo é um problema de exclusão social, a criação de condições adequadas e políticas de inclusão no mercado de trabalho e no ambiente acadêmico faz toda a diferença para a redução da discriminação.
Abrir espaço para que pessoas de todas as idades exerçam suas atividades e expandam seu potencial se torna outro passo fundamental.
Isso pode ser feito com o incentivo à faculdade depois dos 30, descrição de vagas de emprego, criação de oportunidades para pessoas com mais experiência profissional, entre outras ações.
Vale destacar também que as organizações só têm a ganhar com a contratação de profissionais mais velhos. Dessa forma, a maturidade, a experiência pessoal e profissional e a segurança que esses indivíduos têm com relação ao trabalho podem acrescentar muito no ambiente e promover ótimas contribuições.
Condições adequadas de trabalho
Aumentar a atenção para a entrada no mercado de trabalho é importante. Além disso, é papel das empresas e organizações comprometidas com a responsabilidade social a criação de condições adequadas para a permanência dos profissionais nesses espaços.
Linguagem inclusiva, promoção no trabalho, espaços de valorização dos profissionais, premiações para colaboradores com bastante tempo de casa: todas essas são iniciativas interessantes para motivar a permanência.
Em outras palavras, o combate ao etarismo é uma pauta relevante para todas as pessoas. Com a conscientização sobre o tema, é possível tornar os diferentes espaços sociais mais inclusivos e trabalhar para oferecer acesso ao desenvolvimento pessoal e profissional de todos.
Portanto, quer saber como contribuir para esse movimento? Comece compartilhando o conteúdo nas redes sociais para conscientizar mais pessoas sobre o assunto!